quinta-feira, 30 de junho de 2016

Praia da Física

Mamilos que se perdem na paisagem 
De um vasto busto
São preço justo
Para a imaginação em viagem

Diogo Baião 

domingo, 26 de junho de 2016

Borda d'Água

Guarda-chuva
À prova de bala
Sobre quem uiva:
"Olhó borda d'Água!"

Sobre quem explodem as nuvens 
Na estrada para o cais.
Seguem as placas ensopadas de letras solúveis 
             Sentido
                          "Lisboa-Cascais"

Segue a comitiva no trilho dos vinténs,
Pais de filhos, filhos de mães,
Contornado o mar novo.

E vai seguindo a comitiva de cães 
Onde há quem se torne lobo,
Entre os que uivam: "olhó calendário do povo!".

Diogo Baião 

quarta-feira, 1 de junho de 2016

O dia em que o homem descobriu o fogo

O cigarro, ainda inteiro,
A cozinhar, a arder,
A mastigar-se.

A digestão lenta da refeição.

Dedos a estalar
como bolhas de azeite,
Rebentam e cessam
lentamente

O cigarro apaga-se.

Faz-se uma pausa.

Diz-se que se se mastigar lentamente,
O cigarro não engorda.

Metaboliza-se a nicotina
E os irritantes...

...componentes externos
À fumaça...

...a cozinhar, a arder,
A mastigar.

O cigarro, gasto,
Já beata
Na borda do prato.

Qual garfo desdentado
Em cima de um Jornal.

"Notícia de última hora:
O dia em que o Fogo descobriu o Homem".

Diogo Baião.