e ainda me dei ao trabalho de ler
qualquer nota, anexo ou letra reduzida,
que pudesse figurar no Decálogo.
Até me deparar com o Décimo Primeiro,
num tom imperativo e agoniante:
"NÃO RIMARÁS!"- li.
A minha mãe sempre me disse que rimar era feio
e que eu não devia ter vergonha,
pois vergonha é rimar.
E nem aqueles, que rimam para pôr comida na mesa,
merecem perdão.
- "As rimas não justificam os tinteiros" - dizia.
Feio, são aqueles miseráveis,
que rimam para alimentar os seus vícios
e que bebem para alimentar a rima.
E a minha mãe que sofreu dois golpes de estado
(um militar e outro de espírito),
dizia, que pior que um divórcio,
só um casamento entre palavras, letras e sons.
Pior, só aqueles que rimam à mão armada,
que ferem culpados,
ao ponto de provocar verborragias tão extensas,
que as vítimas (que de inocente nada têm),
acabam por se esvair em palavras vazias, desprovidas de conteúdo e importância.
Deixo-te este texto não rimado,
num papel que não foi oferecido,
foi roubado.
Diogo Baião
bis! bis! bis!
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