A reserva de números
em pó, bem espalhados pelo ponteiro
de uma bússula que estica os úmeros
de um coração inteiro.
Estica-os aos dois bem a cima
e é tal a indiferença,
que a despreocupação da rima
já é doença.
E é tal a naúsea dos empregados,
todos eles homens,
que não só trocam os lençóis,
como queimam o colchão,
fecham o quarto,
e encerram o piso.
Lembro-me que o nosso quarto
era ao fundo do corredor
e eu gritava mudo no parto
do meu amor.
Ainda acordo em suor, encharcado,
levanto-me e arrasto a placenta.
Piso-a em soluços engasgado,
há dois anos, antes dos noventa.
Diogo Baião
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