terça-feira, 19 de março de 2019

Em Vão

Conduzir em sentido contrário 
Ao contrário do que se diz
Condiz com a vida 
E perco-me nesta condição 
De a imaginar

“Promete-me que não irás Imaginar a vida da nossa filha em vão”

Ao imaginar quebro promessas
Quando na ecografia 
já lhe via a espinha
E na espinha o sorriso
E no sorriso uma espinha
De um peixe que pesquei 
No rio nabão
Ou que comi na Travessa do Rio Nabão nr17
Em São Domingos de rana 
Numa inauguração que não chegamos ir
Por estarmos imigrados na Irlanda do Norte
Sei que pelo menos um de nós estava 

Imagino a vida da nossa filha
Em vão 
De escada 
e lá se parte uma perna

Sim não sou louco de imaginar uma vida perfeita  

Brincas de filha
eu de Pai
Sou cliente no teu café 
As palavras não nos chegam
E à falta delas ri-se chora-se
E então ri-mos de fome 
de sono
Porque sim porque não porque senão 
Falamos e ninguém nos entende 

Adormeces na cadeirinha dos meus 
braços 
E eu nas poltrona dos teus
De cabeça apoiada no meu fim 

No fim
A poesia 
Nunca teve raiz na experiência 
Ou na vontade

Mas sim na premonição

Simões Baião 


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